O efeito camaleão

              



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA

O efeito camaleão

Vivemos rodeados de pessoas, mesmo que estas sejam apenas nossa família, como aconteceu na época crítica da disseminação do Covid 19, por causa do isolamento social.

Sabemos que pessoas transfiguram ações, reações, sentimentos, por meio de gestos, maneirismos, posturas e expressões emocionais.

Você sabia, que inconscientemente, imitamos expressões, sentimentos e gestos das pessoas ao nosso redor?

Estudos na Flórida demonstraram que o seu comportamento ou o comportamento de um outro colega no ambiente de trabalho pode afetar a todos que estão no ambiente. E tal situação pode acontecer em qualquer outro lugar onde algumas pessoas estão reunidas.

Segundo John Bargh, “na verdade, nossos cérebros estão equipados para receber diferentes fluxos de informação dos olhos: um com o propósito de compreender e saber, o outro com o propósito de se comportar de modo adequado. O primeiro flui de um estuário mais ou menos consciente, e o segundo por outro mais automático, inconsciente” (BARGH, 2020, p. 216).

É evidente que tudo isso tem um propósito: fazer com que criemos conexões com as outras pessoas, pois a imitação nos liga às pessoas.

Estudos mostram que quando as pessoas agem de maneira parecida com a nossa, passamos a gostar mais delas, além da interação ser mais tranquila. Sendo assim, fazer o que o outro está fazendo no momento em que estamos juntos, cria um laço de união e amizade.

E o efeito camaleão tem um alcance fora dos limites. Sabe por que casais com o passar do tempo ficam muito parecidos? Por causa do convívio, até a utilização dos mesmos músculos faciais o casal vai compartilhar. Incrível, não é?

E não para por aí. Se você ler um romance pode facilmente imitar o comportamento do protagonista. Pesquisadores da Universidade de Cornell fizeram um experimento em que participantes liam uma história cuja personagem principal fazia dieta para perder peso antes de passar as férias em uma praia em Cancun. Os estudiosos perceberam que foram ativados nos cérebros dos leitores os mesmos objetivos da dieta realizada pela personagem (BARGH, 2020).

E as redes sócias? Essa nem se fala! Se você vir um post triste, pode ficar até 3 dias sentindo tristeza sem saber o porquê.

Campanhas publicitárias também fazem parte do bojo. Anúncios com alimentos apetitosos pre-ativam áreas do cérebro relacionadas com comida e associadas com sabor e recompensa. Não é nem preciso dizer o resultado.

Portanto, devemos nos perguntar diariamente o que devemos colocar diante de nossos olhos, dos nossos ouvidos e com quais pessoas vamos nos relacionar, levando em conta o efeito camaleão e sua efetividade.

Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!


Referência:

BARGH, John. O cérebro intuitivoTrad. Paulo Geiger. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020.

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